Diário de Pesquisa do Doutorado

    Aquecimento e reflexão sobre a  voz muscular :  Iniciamos com uma preparação individual de cada um sem a minha orientação. O plano inicial era que cada um se preparasse separadamente e depois nos uniríamos para um treino de acrobacias. Mas espontaneamente começamos a fazer um som coletivo que estava bastante bonito e integrado com a proposta de aquecimento. Não pude deixar de aproveitar esse evento espontâneo (claro que decorrente do treinamento das últimas semanas) então propus que nos uníssemos no centro da sala sem interromper a sonoridade e evoluíssemos aquela proposta para um solo de cada um (corifeu) amparado pelo coro.     A primeira rodada de corifeus estava com muita vergonha e propôs improvisações com a palavra medo no sentido de superar esse medo. Apesar da performance ter ficado bonita, não passou  desapercebida a ironia da situação em que as falas expressavam a superação do medo, mas a performance claramente mostrava um coletivo que ti...

  Hoje focamos no trabalho com a câmera lenta inspirado por uma aula do Hugo de 2017 que eu analisei essa semana. A importância da câmera lenta como metodologia pedagógica e criativa não pode ser subestimada. Principalmente no quesito da sensibilidade. Aquecimento:       Câmera lenta individual usando todos os parâmetros do movimento que trabalhamos até agora: 3 planos, 6 frentes, tônicas musculares, características formais, torções, linha e espiralidade. Em algum momento formaram-se duplas e trabalhamos em câmera lenta a transposição de peso de um corpo para o outro. Querer vs sentir :     A principal dificuldade da câmera lenta para além do desafio físico consiste na superação do desejo imediato de "fazer coisas", isto é, a vontade de executar alguma imagem específica que vem a mente. Evidentemente que a imagem pode ser um motivador para o movimento, mas devido à lentidão da câmera lenta o tempo necessário para alcançar aquela imagem abre possibilida...

 como falamos, hoje nos encontramos no núcleo de dança , 14 00. depois vamos pra exposição Hugo Rodas. 

  Pontualidade, disciplina e a diferença de  alumnus e ars :       Hoje começamos o encontro com uma conversa sobre pontualidade e assiduidade. A nossa obragem criativa necessita de um certo grau de disciplina e principalmente de uma auto-disciplina, pois se trata de uma proposta técnica que envolve uma proporção grande de auto-didatismo para ser efetiva. Há uma dificuldade grande em termos a noção coletiva de que o que estamos fazendo não se trata de uma aula qualquer, mas de uma atividade "sagrada" de criação. A sacralidade do espaço/tempo que dispomos para a auto-pesquisa*, para o desenvolvimento das nossas próprias faculdades e sensibilidades artísticas. O início desta auto-disciplina consiste na pontualidade, pois, como no exemplo de Torstov e Kótsia na consagrada obra de Stanislávski sobre o trabalho do ator, o atraso não é apenas um desrespeito com o tempo alheio, mas algo que dilacera a criatividade coletiva. No livro, por causa de 15 minutos de atr...