Sobre a não separação dos campos artísticos quando da perspectiva do artista
Se tentarmos definir com detalhamento os limites de cada campo artístico perceberemos o seu caráter arbitrário. Por exemplo, podemos dizer que a dança é a arte do movimento. Pois bem, então o que seria a música? Poderiam me dizer que é a arte do som. Contudo, como fazer som sem movimento? Ou então, como realizar qualquer movimento sem som? O musicista, para tocar seu instrumento necessariamente tem que dançar. Evidentemente que a sua dança tem um objetivo específico que não é o movimento em si, mas a sonoridade que aquele movimento provoca (isso não exclui os cantores, pois cantar movimenta diversas partes do corpo). Também para o ator temos a mesma dinâmica. Seria a arte do ator a "atuação", a "interpretação" ou "representação"? Em qualquer um dos casos acima seria necessário tanto mover-se quanto fazer sons para atuar, interpretar ou representar. Estaria o ator invadindo o campo da dança porque ele se move em cena? O fato é que, do ponto de vista de quem se expressa artisticamente, sempre se está expressando com o corpo (a matéria) e este corpo, em se tratando dos aspectos semióticos dessa expressão, tem possibilidades expressivas que podem ser resumidas ao som e ao movimento. Já, quanto aos aspectos não-semióticos podemos ser mais filosóficos a respeito.
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