Fichamento de "O TAO do Jeet Kune Do" de Bruce Lee




Sinto que esse capítulo introdutório tem várias pérolas para a minha tese. Não apenas fundamentos que dizem respeito à não formatação (que, no meu caso, tem a ver com a não delimitação da atividade artística a um campo determinado), mas também a abordagens diversas sobre a busca artística e o fazer artístico. Conceitos como "a ação sem atuador" e a descoberta contínua são fundantes do pensamento que estou desenvolvendo.


BRUCE, Lee. *O TAO do Jeet Kune Do*. Veneta: São Paulo, 2016. 

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"Este livro é dedicado ao artista livre e criativo. Tome o que lhe for útil e desenvolva" (Epígrafe)


"O que é mais flexível não se quebra" (p.19)


"O importante é o realizar, não as realizações. Não há o ator, mas a ação. Não há aquele que experimenta, mas a experiência." (p.19)


"A arte atinge seu pico quando se esvazia da consciência de si. A liberdade chega ao homem no momento em que ele deixa de pensar na impressão que causa, em como será visto." (p.20)


"O caminho perfeito só é difícil para aqueles que escolhem. Não goste, nem desgoste, então tudo ficará claro. Ignore essas insignificantes diferenças e o céu e a terra serão anulados. Se você quer a verdade clara na sua frente, nunca seja contra ou a favor. A luta entre "contra"  "a favor" é a pior doença da mente.


A sabedoria não consiste em tentar arrancar o bem do mal, mas em aprender a "cavalgá-los" como uma cortiça que se adapta ao movimento das ondas." (p.20)


"Não fuja, deixe acontecer. Não procure, porque acontecerá quando menos espera." (p.20)


"A arte nunca é decoração, ornamento. Ela é um trabalho de esclarescimento. A arte, em outras palavras, é uma técnica para adquirir liberdade" (p.22) 


"Criação, na arte, é a revelação da personalidade que está enraizada no *nada*. Seu efeito é um aprofundamento da dimansão pessoal da alma." (p.22)


"A arte é o caminho para o *absoluto* e para a essência da vida humana. O objetivo da arte não é a promoção unilateral do espírito, da alma e dos sentidos, mas sim a *abertura* de todas as capacidades humanas - pensamento, sentimento, vontade - para o ritmo da vida da natureza. Assim, a voz silenciosa será ouvida e o ego passará a estar em harmonia com ela." (p.22)


" A arte do *Jeet Kune Do* é simplesmente simplificar.


O *Jeet Kune Do* evita a superficialidade, penetra o complexo, vai até o centro do problema e aponta os fatores principais.


O *Jeet Kune Do* não faz rodeios nem desvios laterais tortuosos. Segue uma linha reta até o objetivo. A simplicidade é a distância mais curta entre dois pontos.


O *Jeet Kune Do* prefere a falta de forma para que possa assumir todas as formas. E, já que não possui estilo, pode combinar com todos os estilos. Como resultado, o *Jeet Kune Do* utiliza todos os caminhos e não é limitado por nenhum deles. Da mesma forma, utiliza quaisquer técnicas ou meios que sirvam à sua finalidade." (p.23)


"É realmente difícil ver a situação de forma simples. Nossa mente é muito complexa. E é fácil ensinar alguém a ser habilidoso, mas é difícil ensinar a ele sua própria atitude." (p24)


"O maior erro é querer prever o resultado da luta. Você não deve pensar se ela termina em vitória ou em derrota. Deixe a natureza seguir seu curso, e suas armas serão usadas no momento certo." (p.24)


"*A simplicidade é a distância mais curta entre dois pontos.*" (p.24)


"A mente deve estar emancipada dos velhos hábitos, perconceitos, processos de pensamento restritos e até mesmo do próprio pensamento rotineiro." (p.25)


"O homem que é simples e transparente não escolhe. O que é, é. A ação baseada em uma ideia é obviamente a ação da escolha, e tal ação não é libertadora. Ao contrário, ela cria ainda mais resistência, mais conflito. Assuma uma consciência flexível." (p.27) ((Aqui é muito claro que é como na câmera lenta. É o processo de sensibilização do movimento, de permeabilidade.))


"Estabelecer padrões, incapazes de adaptação, de flexibilidade, resulta apenas em uma prisão melhor. A verdade está fora de todos os padrões." (p.27)


"O *conhecimento* é um ponto fixo no tempo, enquanto *conhecer* é contínuo. O conhecimento vem de uma fonte, de uma acumulação, de uma conclusão, enquanto o conhecer é um movimento." (p.28)


"Para entender e viver o *agora*, tudo o que ocorreu ontem deve morrer." (p.28)


"Quando alguém não se expressa, não é livre. Assim, começa a lutar, e a luta gera uma rotina metódica. Logo, ele estará desempenhando sua rotina metódica como reação, em vez de reagir ao que *é*." (p.28)


"Só se pode agir de maneira livre e plena estando "além do sistema". O homem que realmente é sério, que possui o desejo de descobrir o que é a verdade, não possui nenhum estilo. Ele vive apenas no real." (p.28)


"A verdade não tem caminho. A verdade é viver, portanto, mudar" (p.29)


"Como pode haver métodos e sistemas para chegar a algo que está vivo? Para coisas estáticas, fixas, mortas, pode haver uma forma, um caminho definido, mas não para algo que está vivo. Não reduza a realidade a algo estático, nem invente métodos para alcançá-la." (p.30)


"O entendimento requer não apenas um único momento de percepção, mas uma consciência contínua, um estado contínuo de busca sem fim." (p.31)


"O entendimento de si mesmo ocorre por meio do relacionamento, e não do isolamento. Conhecer-se é estudar a si mesmo em ação com outra pessoa." (p.31)


"Hoje vejo algo totalmente novo, e essa novidade é vivenciada pela mente. Mas amanhã essa experiência se tornará mecânica, se eu tentar repetir a sensação, o prazer proporcionado por ela. A descrição nunca é real. O que é real é ver a verdade instantaneamente, porque a verdade não possui amanhã." (p.31)


"Encontraremos a verdade quando examinarmos o problema. O problema nunca está separado de sua solução. O problema *é* a solução. Entender o problema o resolve." (p.31)


"Existe um estado de ação sem o agente, um estado de experimentação sem o experimentador ou a experiência. É um estado limitado e oprimido pela confusão clássica." (p.32)


"Quando alguém não quer ser perturbado, não quer ter dúvidas, estabelece um padrão de conduta, de pensamento, um padrão de relacionamento com os homens. Ele, então, se torna um escravo do padrão e toma o padrão como realidade." (p.33)


"Espero que artistas marciais estejam mais interessados na raiz das artes marciais do que nos galhos, flores ou folhas decorativas. É uma futilidade discutir de qual folha em particular, qual desenho dos ramos ou flor atrativa você gosta; quando entender a raiz, entenderá o seu florescer." (p.34)


"Em artes de combate, há o problema da maturação. Esta é a integração progressiva do indivíduo com o seu ser, a sua essência. Só é possível através da autoexploração dentro da livre expressão

expressão, não na repetição imitativa de um padrão de movimento imposto." (p.34)


"O combate nunca é fixo e se altera a cada momento. Trabalhar em padrões é basicamente uma prática de resistência. Esta prática leva ao bloqueio; a compreensão não é possível e seus adeptos nunca estão livres." (p.35)


"O modo de combate não se baseia na escolha pessoal ou em caprichos. A verdade na forma de combate é percebida de um momento para o outro e somente quando há consciência sem condenação, justificação ou qualquer forma de identificação" (p.35)


"Nessa arte, eficiente é qualquer coisa que dê resultado." (p.35)


""O que é" existe apenas quando não há comparação, e viver com "o que é" é estar em paz" (p.35)


"O lutador que não tem forma não é mais ele mesmo. Ele se move como um autômato. Ele se rendeu a uma influência que está fora de sua consciência cotidiana, que não é outra senão o seu próprio inconsciente profundamente enterrado, de cuja presença ele até não tinha se dado conta." (p.36)


"*Não ter aperfeiçoamento* não significa realmente a ausência de qualquer tipo de aperfeiçoamento e sim o aperfeiçoamento através do não aperfeiçoamento. Praticar o aperfeiçoamento por meio do aperfeiçoamento é agir com a mente consciente, ou seja, praticar uma atividade assertiva." (p.36)


"Não negue a abordagem clássica simplesmente como uma reação, senão você estará criando um outro padrão e caindo em outra armadilha." (p.36)


"Há muitos artistas marciais que gostam de "mais", de "algo diferente", sem saber que a verdade e o caminho são revelados nos movimentos simples do dia a dia, *porque é aí* que eles a perdem. Se há um segredo, ele se perde na busca." (p.36)



































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