Encontro do dia 22 de Outubro de 2024 (TEAC Huguianas)

 Aquecimento


    Em 4 apoios trabalhamos individualmente as possibilidades de movimentação e deslocamento tentando manter ao menos 3 partes do corpo apoiadas no chão, de preferência que uma delas não seja o quadril, pois isso limitaria a movimentação ao menos inicialmente. Caminhamos em grupo se espremendo no coletivo de maneira a encontrar novas formas de se deslocar tendo os corpos dos colegas como obstáculos. Neste momento introduzimos a câmera lenta com o intuito de frisar o trabalho sensível e não apenas físico da proposta. 
    Também treinamos sensivelmente a alternação entre pernas e braços com o giro em 4 apoios, uma forma de refinar a coordenação assim como o fortalecimento muscular. Também este movimento já se torna um repertório de movimentação para o futuro.
    Ao final fizemos deslocamentos paralelos: as duas mãos no chão suspendendo os pés e os dois pés no chão suspendendo as mãos. Essa proposta além de finalizar o estudo de apoios também constitui o educativo para a estrelinha.

A estrelinha não careta: 

    Neste semestre propus para que cada um realizasse ao final do processo um cena multiperformática em que se utilizasse o canto, a dança, a interpretação, acrobacias e o tocar de um instrumento musical. Para tanto seria preciso dar alguma base acrobática para os participantes. Uma das acrobacias mais básicas é a estrelinha, mas como ensinar a estrelinha sem criar uma situação em que eles tenham que reproduzir um movimento pré-moldado? Voltei portanto para o fundamento da estrelinha que é basicamente colocar o peso todo nas mãos e suspender os pés por um tempo limitado. Em vez que treinarem "estrelinha" treinaram o deslocamento com os pés suspensos de diversas maneiras e isto se tornou uma exploração criativa e não apenas a reprodução mecânica de um movimento. 
    Esse exercício parte do pressuposto de que é possível aprender estrelinha por meio de práticas que acostumem o corpo a suspender os pés enquanto apoiamos as mãos. A transição entre esse movimento e a estrelinha seria, espera-se, natural com o tempo, mas o mais importante é que o processo de aprendizado será criativo e não reprodutivo.


Trabalho físico-sensível e não apenas físico:

Deste entendimento é que parte uma diferenciação que se estabelece cada vez mais: qual é a diferença entre uma atividade física e uma atividade artística numa técnica que vê o artista como um "atleta afetivo" como o queria Meyerhold? Me parece que o ponto chave é a criatividade no processo de treinamento.
    Um mesmo movimento pode ser executado 100 vezes com o objetivo de atingir um resultado final específico. Esta me parece uma abordagem esportiva. Mas um mesmo movimento pode ser executado 100 vezes diferentemente e criativamente em cada repetição ao ponto dessa "repetição" ser imperceptível. Em cada repetição houve criação e isto, ao meu ver, caracteriza esse movimento como "artístico". No fundo é um movimento físico, mas há uma camada subjacente que permeia e preenche o movimento mecânico.
    Este é um entendimento que deve ser trabalhado nas pesquisas sobre circo, talvez seja interessante pesquisar o que está sendo dito sobre isso: Como diferenciar um movimento de um movimento artístico? Quando uma acrobacia é artística e quando ela é esportiva? Depende apenas do contexto ou haverá uma intenção subjacente que o intérprete pode conferir aquele movimento?

Exercício de espiralidade:

    Um dos fundamentos desta técnica é a circularidade ou talvez, como exprimi hoje sem querer a espiralidade, pois circularidade dá uma sensação de movimento vicioso que retorna ao mesmo ponto enquanto que a espiral tem um movimento curvo, mas que nunca retorna ao início, mas vai se transformando e se tornando gradativamente outra coisa.
    Hoje trabalhamos a espiralidade na Diagonal com o intuito de soltar a criatividade cinestésica, pois estávamos precisando trabalhar o entendimento de continuidade do movimento. Depois as quedas e levantadas em espiral com o mesmo intuito.

Câmera Lenta:

Trabalhamos a câmera lenta individualmente por uns 15 minutos e em seguida em trios sentados no sofá com cenas de 3 a 4 minutos.

Registros:

Parte 1:

https://youtu.be/CrmkUp5FgyM


Parte 2:

https://youtu.be/jZxu-wsEpl8

Parte 3:

https://youtu.be/9LULG4EOfPo

Parte 4:

https://youtu.be/QtkwRz_S_84








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